quarta-feira, fevereiro 15, 2012

O Exemplo


 

Por Fernando Leal
Muitos devem ter acompanhado essa história repercutida tanto na mídia tradicional como nas redes sociais. Com o detalhe que foi mais edificante que a simples volta de alguém que estava no Canadá. Trata-se um rapaz de 21 anos, Vitor, que ao passar por uma praça, na Ilha do Governador, viu um grupo de jovens, como ele, agredindo um mendigo. Não se conformou com o que viu e foi defender a pessoa. No que deu todo mundo sabe: foi barbaramente espancado por cinco deles e teve que fazer várias cirurgias corretivas em diversas partes da cabeça. Foi tocante o seu depoimento na saída do hospital: não estava arrependido do que fez e faria tudo novamente. E disse mais: "Pelo menos uma, duas, três pessoas vão pensar alguma coisa, vão ensinar para os filhos deles. Não adianta pensar que uma atitude vai mudar o mundo, mas pequenas coisas vão mudando".Vitor é filho de uma assistente social e, provavelmente, esses valores de civilidade e solidariedade tenham sido passados a ele, desde pequeno, por seus pais.
Mesmo sendo um assunto já batido na imprensa,  retomo esse caso para ilustrar um outro fato. Uma amiga deixou o carro estacionado na garagem do prédio em que mora. Para os que têm mais de um automóvel na área reservada internamente, há um local externo em que essas pessoas deixam os seus carros. Não tem o conforto da garagem coberta, mas as câmeras de segurança flagram toda a movimentação, dando certa sensação de tranquilidade.
Ao pegar o carro na manhã seguinte, minha amiga viu que ele estava batido na traseira, sem que ninguém tivesse comunicado o fato. Sabedora da existência de câmeras de vigilância no prédio conseguiu identificar o carro, a sua placa e o horário em que havia ocorrido o fato. Foi fácil então localizar a autoria do estrago. Era uma senhora, já de meia idade, e com filhos na idade adulta, que ao chegar em casa com o carro avariado informou ter sido vítima de algum desconhecido quando estava estacionada em uma clínica. Essa explicação durou apenas o tempo em que as imagens foram exibidas. O prejuízo material foi assumido sem contestação, ficando, porém, o incômodo moral para os envolvidos nessa situação. Aqui, o que menos importa é o valor do prejuízo, que pode até ser pequeno, em termos financeiros. O que vale mesmo é a lição “ao contrário” que essa mãe passou para os seus filhos. Enquanto a de Vitor, aquela assistente social a que me referi no começo, mesmo tendo o filho passado por aquele massacre deve se sentir orgulhosa dele pela sua atitude, o que essa outra tem a ensinar aos seus?
E esse ensinamento se dá nas pequenas coisas.  Muitas deles não carecem de nenhuma palavra: apenas o exemplo. É no devolver, um real que seja, que recebeu a mais; acusar a ausência de um item consumido na conta do restaurante; entregar o que encontra de outra pessoa, recusando, inclusive, as recompensas materiais; não jogar o papel de um bombom que seja, fora do lixo; e tantos outros exemplos que as pessoas vão vendo e  fortalecendo as suas crenças nesses valores positivos. Aqui vale a pergunta dos roqueiros do Capital Inicial: “O que você faz, quando ninguém te vê fazendo?” Pelo jeito, bater no carro dos outros e sair de fininho, como se nada tivesse acontecido, não é uma boa prática: as câmeras veem tudo.

Fonte: Paraíba Vip http://www.paraibavip.com.br/educacao_ver.php?id=92
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FOTO: Total crédito do Jornal do Brasil
(E-mail: fleal13@hotmail.com)

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